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A NEGOCIAÇÃO ESTRATÉGICA E A TRANSFORMAÇÃO DO CONFLITO EM OPORTUNIDADE

07 de abril de 2021

          A negociação pode propiciar inúmeros ganhos a todas as partes que a ela se empenham. Trata-se de um método que transforma o conflito em uma oportunidade de tomar decisões e obter ganhos mútuos, conforme elucida o renomado autor William Ury em sua obra “Negocie Para Vencer: Instrumentos Práticos e Criativo Para Chegar ao SIM”.

          Solucionar um conflito - seja ele profissional ou pessoal – requer muita organização e planejamento e, com a negociação, não poderia ser diferente. Estudar os possíveis cenários e compreender o conflito desde sua forma mais ampla, até as diferenças mais tênues, permite ao negociador mapear as suas forças e fraquezas, a fim de criar um planejamento estratégico para as diferentes possibilidades de solucionar a situação problema.

          A negociação dispõe de diversas ferramentas que possibilitam a tomada de decisão de forma consciente. Destaca-se, com isso, a importância da preparação para se posicionar na mesa de negociação e, assim, chegar em uma situação e/ou acordo que gere ganhos mútuos para as partes envolvidas.

          Ao analisar os fatores internos e externos que influenciam a sua situação, o negociador realiza o mapeamento de suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças no procedimento. Neste sentido, conhecer suas vantagens e desvantagens na mesa de negociação é essencial para a defesa e garantia de seus interesses, além de contribuir para a exploração de opções inovadoras que podem maximizar os ganhos e satisfazer para além de seus interesses.

          Estabelecer o ponto de reserva, de acordo com Wiliiam Ury, também é uma ótima forma para se proteger contra acordos que não satisfazem às suas necessidades. O reservation point é o ponto ou condição limite para se realizar o acordo, isto é, o pior resultado aceitável na mesa de negociação, em que se determina o “valor mínimo” capaz de suprir as suas necessidades. O ponto de reserva, estabelecido previamente à negociação, garante mais segurança ao negociador para realizar concessões, principalmente em um cenário no qual se está sob a pressão do oponente, protegendo-lhe, assim, de tomar uma decisão apressada da qual poderia se arrepender futuramente.

          Entretanto, é necessário cautela para estabelecer o reservation point. Para isso, deve-se pautar em critérios objetivos e limitá-los à realidade fática, para que não seja criada uma expectativa impossível de ser atingida, fato que poderá gerar frustração da negociação em todos os cenários.

          William Ury apresenta, em sua obra “Como chegar ao sim: Como negociar acordos sem fazer concessões”, outra importante estratégia para se posicionar na mesa de negociação: a definição do BATNA (Best Alternative to a Negociated Agreement). Desenvolver alternativas externas ao acordo é fundamental para a própria negociação. Em um cenário no qual se considera a negociação como o método mais adequado para a solução do conflito, visto que pode produzir o melhor resultado possível, abarcado pelo acordo, estabelecer a melhor alternativa ao acordo negociado (BATNA) implica em estabelecer um padrão com o qual o acordo deva ser comparado - afinal, não se deve firmar um acordo, caso haja alternativa melhor fora da negociação. Desta forma, o BATNA cumpre um papel de proteger o negociador de acordos desfavoráveis, buscando a melhor alternativa para a negociação.

          Em vista disso, o BATNA representa o poder de negociação, porquanto melhor for o BATNA do negociador, melhor será o acordo eventualmente firmado. Diante disso, ressalta-se a importância de explorar todas as possíveis opções fora da mesa de negociação, de modo a desenvolvê-las e aperfeiçoá-las, seja para aumentar o padrão negociável ou para constatar que a opção fora da negociação é mais atraente e, por isso, o acordo não é a melhor via para atender os seus interesses.

          Desenvolver o seu BATNA é, portanto, de suma importância para elevar o patamar da negociação e se proteger de acordos desfavoráveis. De igual modo, ao conhecer o BATNA da outra parte e explorar as suas possibilidades na mesa de negociação, maximizará o potencial de um eventual acordo, dado que o conhecimento acerca do seu parceiro de negociação, de suas motivações e interesses pertinentes ao conflito, possibilita a exploração e o desenvolvimento das opções de forma mais aprofundada e, assim, uma negociação balanceada e de resultados recíprocos.

          Por fim, conclui-se que, para que seja efetuado uma negociação mutuamente benéfica, é imprescindível se preparar para se posicionar devidamente na mesa de negociação, explorar os interesses do oponente e desenvolver as opções ali apresentadas.  Para tanto, as técnicas de negociação auxiliam o desdobramento do conflito, de modo a compreendê-lo e a permitir a satisfação de cada pretensão por meio de um acordo eficiente.

Referências bibliográficas

URY, William. Negocie Para Vencer: Instrumentos Práticos e Criativo Para Chegar ao SIM. 1ª ed. Brasil: Alta Books, 20 de maio de 2018.

URY, William. Como chegar ao sim: Como negociar acordos sem fazer concessões. 1ª ed. Brasil: Editora Sextante, 8 de maio de 2015.

Ilustração: criada via Canva.

Sobre as autoras

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Bárbara Santos Pereira

  • 25 anos

  • Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

  • Pós Graduanda em Direito de Empresa pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

  • Integrante da Equipe de Mediação Empresarial da PUC – MG / Praça da Liberdade

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Rafaela Oliveira Lucas da Silva

  • 21 anos

  • Graduanda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

  • Integrante da Equipe de Mediação Empresarial da PUC – MG / Praça da Liberdade

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